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Ônibus de SP exibem vídeo contra a homofobia






Quem reparar nas TVs dos ônibus de São Paulo durante esta semana vai assistir a um vídeo diferente dos habituais. Na tela, mulheres de várias idades seguram cartazes com os dizeres “Sou mulher”, “Sou lésbica”, “Sou bissexual”, “Sou cidadã”, “Sou filha”, “Sou mãe”, “Trabalho”, “Estudo”, “Tenho direitos e quero respeito”.
Trata-se, claro, de uma campanha contra a homofobia, que será exibida durante os próximos dias. O objetivo é lembrar o Dia da Visibilidade Lésbica, comemorado em 29 de agosto, e passar uma mensagem que dissemine entre os paulistanos o respeito à diversidade. “Na São Paulo que a gente quer não cabe homofobia”, diz o vídeo.


Fonte: Catraca Livre 

Comentários de jovem do RS sobre negros causam revolta no Twitter

Comentários postados na conta do Twitter de uma estudante do curso de Publicidade e Propaganda da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) causaram revolta de usuários da rede social na noite desta sexta-feira (30) pelo conteúdo propagado como racista.
Segundo as postagens, um carro com um casal negro quase atropelou a jovem, fato que a teria motivado a escrever: “Acabei de ser quase atropelada por um casal de negros. Depois vocês falam que é racismo, mas TINHA QUE SER, né?”. Em seguida, complementa: “E estavam num carro importado. Certo que é roubado”.
Após a polêmica, a internauta gaúcha recebeu diversas mensagens de reprovação de usuários do Twitter. Centenas de mensagens de repúdio foram direcionadas para o perfil da estudante. Frases como: "VAMOS CONSTRANGÊ-LA. Racistas, aqui não"; "ñ ta com nada com esse racismo em .. koé , vai ficar ruim pra ti agora .." (sic); "Que cabeça bizarra dessa moça! Racismo aqui não!"; "puts, quando a frase começa com "eu não sou racista, MAS..." é porque a pessoa vai falar algo racista! que menina ridícula".

Entenda o caso
Ao todo, foram três publicações que ensejaram dezenas de respostas no microblog. “Eu não sou racista, aliás, eu não tenho preconceitos. Mas, cada vez que aprontam uma dessas comigo, nasce 1% de barreira contra PRETOS em mim”, escreveu também a jovem.
As publicações foram compartilhadas por outros internautas, tanto no Twitter como em diversos perfis do Facebook. O Centro Acadêmico Arlindo Pasquali (CAAP) da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUC-RS, onde ela estuda, publicou uma nota lamentando o ocorrido.

“O CAAP divulga esta nota para que casos como esse não se repitam. Devemos denunciar e nos posicionar em situações como esta. O nosso papel enquanto centro acadêmico é repudiar veemente esta atitude e não permitir que o racismo esteja presente na Famecos. Lutamos por uma Famecos sem preconceito e, por isso, deixar de expor este acontecimento seria legitimar o racismo presente em nossa faculdade”, diz trecho da nota.
Depois do ocorrido Marina deletou sua conta no Twitter, mas manteve seu perfil pessoal no Facebook, onde publicou uma nota se desculpando pelo fato. Depois, esta mensagem também foi apagada.
Usuários do Twitter retuitaram ainda postagens feitas no perfil da jovem depois de toda a repercussão na rede social. Neles a menina tenta se explicar. “ MEU DEUS AS PESSOAS NAO SABEM BRINCAR MAIS”. Na sequência ela diz: “Uma das minhas melhores amigas é negra”.
Antes, no entanto, ela teria respondido às críticas com as mensagens a seguir, que foram reproduzidas por outros usuários:

“Todo mundo aqui é de boa com gays, né? Todo mundo aqui é de boa com mulher que da pra todo mundo, né? Todo mundo (...) gosta de indio, né?” (sic).
“Me denunciem.”.
“ NINGUEM NUNCA xingou um negro né?”

(fonte:G1)

Atenção, clique no nome do Filme embaixo da imagem

As Vadias e o Papa




Vem pra rua - #vemprarua

O preconceito nosso de cada dia




Silvana Mascagna
O preconceito nosso de cada dia


PUBLICADO EM 22/05/13 - 3h0
Não tinha me tocado disso até ouvir, da boca de uma amiga da minha irmã, que todos somos preconceituosos, em maior ou menor grau. O que faz a diferença é o exercício diário de combater todo e qualquer tipo de preconceito sobre o que quer que seja, assim que ele tenta se instalar, e jamais, em tempo algum, permitir que ele se manifeste.


Pode ser fácil, hoje em dia, para um determinado grupo de pessoas, levantar bandeira contra a opressão dos negros e não titubear um segundo sequer em exigir que sua faxineira negra suba pelo elevador social. Pode ser tranquilo para alguns fazer discursos inflamados sobre o quanto é legítimo um casal gay casar e adotar uma criança.


O difícil parece ser aceitar que o homossexual que quer os mesmos direitos dos heterossexuais seja seu filho ou mesmo que o negro se torne o seu genro.


Pode ser muito tranquilo ter amigo gay e se divertir com ele, mas espera só para ver quando a “bichinha” for promovida à vaga que você estava esperando. E o colega, “com aquele cabelo ruim que só fica mais ou menos bom alisado”, como ousam colocar num cargo de chefia?


As aspas, por incrível que pareça, caro leitor, se referem a discursos ouvidos por mim de colegas jornalistas, em situações parecidas com essas.


É preciso estar atento, alerta: o preconceito é traiçoeiro e está sempre pronto para se manifestar. Relaxa só para ver, e você já se vê falando: “Como pode alguém querer essa menina, gorda desse jeito!”; “Não acredito que aquele gatinho está namorando aquela velha”; “Só podia ser de Contagem mesmo”; “Tinha que ser mulher pra fazer uma cagada dessas”; “Feia desse jeito, coitada, nunca vai arrumar ninguém”; “Com essa minissaia, ela queria o quê?”...


Preconceitos há de todos os tipos. E fazer parte de um grupo que é discriminado não isenta ninguém de sair discriminando. Há as negras que fazem chacota de pessoas mais velhas; há as gordas que têm problemas com os homossexuais; os gays que têm ojeriza de gente pobre; judeu que não gosta de paulista. É, existe até quem odeie o outro só porque ele nasceu em determinado local. Imagina!


Nunca me esqueço de uma cena de “Promessas de um Novo Mundo”, documentário sobre crianças israelenses e palestinas. Num determinado momento, um garoto palestino, que tinha acabado de fazer um discurso inflamado contra Israel e os Estados Unidos, custa a acreditar ao descobrir que o diretor do filme, por quem já havia se afeiçoado, era norte-americano. O documentário, de B.Z. Goldberg, aliás, é uma ode ao não preconceito, primeiro, ao revelar o quanto são iguais as crianças que vivem de lados opostos na mesma Jerusalém, e, depois, ao promover um encontro entre algumas delas.


Às vezes, um filme como esse serve de arma contra essa luta diária contra nossos próprios preconceitos. Em outras, basta a entrevista de um ator negro, que relata o quanto era desagradável ouvir o som de portas de carro sendo trancadas toda vez que atravessava a rua, quando ainda era uma criança pobre e favelada. Mas, na maioria do tempo, o exercício é se colocar no lugar do outro. Funciona.




Marcha contra violência sexual acontece em SP
Evento protestou contra a violência sexual praticada contra mulheres

Com o tema Quebre o Silêncio, a terceira edição da Marcha das Vadias de São Paulo ocupou neste sábado as ruas do centro da cidade incentivando as mulheres a denunciara violência a que são submetidas.

A polícia não estimou o número de participantes. A passeata, que partiu da Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, chegou a ocupar cinco quarteirões da Rua Augusta, a caminho da Praça Roosevelt, onde o ato se encerra.

Portando faixas e cartazes, os manifestantes, em sua maioria mulheres, pediram autonomia sobre seus próprios corpos e rechaçaram a ideia de que a roupa ou o comportamento justifiquem violência contra elas.

“A gente quer mostrar que as mulheres são livres, que a palavra vadia significa liberdade. Queremos mostrar para homens e mulheres machistas que nós temos nosso lugar e somos iguais aos homens. Há de haver esse respeito. A gente tem de sair na rua com a roupa que quiser”, disse Luana Rodrigues Silva.

Na manifestação foram distribuídos “cartões de emergência” às mulheres, que podem ser levados na carteira, com telefones de delegacias especializadas em crimes contra a mulher, do hospital Pérola Byington - que atende pessoas em situação de violência sexual – e da central de atendimento à mulher (180).

“O ideário disseminado pelo patriarcado no ensina que vadia é uma mulher vulgar, promíscua, que não esconde seus desejos sexuais e que isso é algo negativo. Que existem mulheres para se casar e mulheres para fazer sexo. A palavra vadia é usada para ofender e depreciar a imagem da mulher. Por isso o termo foi apropriado pelo movimento visando ressignificá-lo”, dizia texto distribuído pelos organizadores.

Homens também participaram da passeata. Rafael Anacleto vestindo saia apoiou o ato. “Eu acho que a manifestação é você ser o que quiser. A marcha é um momento para que todo mundo saia e diga: eu posso ser o que eu quiser, independentemente do que se acha ou não”.

Além de São Paulo, outras treze cidades do país recebem neste final de semana a Marcha das Vadias, dentre elas sete capitais: Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, São Luiz e Aracaju.

A Marcha teve início em 2011, quando um policial disse às estudantes da Universidade de Toronto, no Canadá, que para se proteger de uma onda de violência sexual, as mulheres deveriam não se vestir como vadias. Três mil pessoas tomaram as ruas da cidade em um manifesto denominado SlutWalk, no Brasil conhecido como Marcha das Vadias.


http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=100000601232




Gays e bissexuais que "nasceram" na igreja hoje lutam contra o preconceito


Gays e bissexuais que "nasceram" na igreja hoje lutam contra o preconceito


Ele sempre soube, desde criança, que era “diferente”, mas não sabia explicar o que havia de “errado”, até que cresceu e “descobriu” que era gay. Este seria, talvez, o início de mais uma história sobre a vida de um homossexual. E é. A diferença é que o personagem que abre essa matéria, a exemplo de muitos e de outros três que terão seus depoimentos veiculados neste canal, "nasceu" na igreja e escolheu viver uma vida cristã, apesar de, na maioria das situações, não encontrar respaldo dentro do templo, nem nas palavras de seus membros e dirigentes.
Nesta terça-feira (29), o Lado B fala de um assunto delicado, mas que precisa ser abordado: a vida de gays e bissexuais católicos e evangélicos. Os entrevistados que compõe essa matéria aceitaram compartilhar suas experiências e opiniões, porém, sob a condição de não serem identificados. Para preservá-los, a reportagem não citará o nome das igrejas frequentadas por eles.
Hoje, com 26 anos, o menino que se sentia “diferente” desde os 6, fala com segurança e tranquilidade sobre os desafios e as batalhas internas que enfrentou. A lembrança, que ele queria esquecer, faz rolar lágrimas, mas a insegurança, felizmente, ficou para trás.
“Nascido e criado” em família de evangélicos, ele aprendeu que deveria viver sobre os preceitos da bíblia. Cresceu com “temor e tremor”, buscando por em prática os ensinamentos que lhe eram repassados, mas a idade chegou, os hormônios “floresceram” e ele se viu sem saída: não tinha atração por garotas. Pelas interpretações que ouvia do “livro sagrado”, o desejo ou “ato consumado” configurava pecado. Começava aí a tormenta.
Por várias vezes, temendo “arder no fogo do inferno”, ele tentou “mudar”, mas a mudança esperada nunca vinha. Não veio. Para não levantar suspeita e não “abalar a fé” da família e “escandalizar a igreja”, vez ou outra aparecia com uma menina, enquanto, às escondidas, ficava com meninos.
Com mulheres, o envolvimento ficou apenas nos beijos e carinhos trocados. Foi com um rapaz que teve a primeira experiência sexual. “Foi bem diferente do que tinha tido. Senti todos os meus sentidos aguçados, um misto de prazer, medo, receio e temor a Deus. Foi desagradável e pesado para minha consciência cristã”, contou.
O “disfarce” seguiu até os 20 anos. “Fica esporadicamente com garotas, mesmo sabendo que não tinha condições de ter uma vida de hétero. Larguei de vez esse compromisso de ter que me enquadrar no perfil cristão perfeito, até mesmo porque a maioria dos meus ficantes [homens] eram da igreja”, conta.
Apesar da decisão, a cabeça “borbulhava” e angústia só aumentava. À essa época as duas irmãs já sabiam de sua condição, mas o acolheram e não deixaram que a “notícia” chegassem aos pais.
Sem encontrar lugar como homossexual dentro da igreja que aprendeu a amar e a seguir, ele não viu saída senão “criar uma tese” para se manter firme e não se deixar abalar ou fingir que o afastamento não faria diferença.
“Faz. Aprendi a amar a Deus, a louvá-lo e a buscá-lo. Não queria deixar de fazer isso. Foi então que eu comecei a questionar o porquê daquilo estar acontecendo na minha vida. De tudo o que tinha aprendido algo falava mais alto em meus pensamentos: que o Deus que você ama é misericordioso e piedoso. Nas pregações a gente ouve falar que ele não dá uma cruz mais pesada do que possamos carregar. Creio que essa é minha cruz. Vou levá-la até o fim”, conclui.
O rapaz não pretende se assumir publicamente, nem para os pais, mas também não busca a “cura da homossexualidade” porque não se vê como doente. Hoje, mais maduro, interpreta a bíblia de outra maneira e consegue ler e enxergar a benevolência divina - ignorada na maioria das exortações - a cada passagem. Costuma dizer que destruiu a igreja para construir um templo no coração.
É o que fez um outro rapaz, gay, também evangélico, que frequenta, desde a infância, uma das denominações mais antigas do Brasil. O jovem de 23 anos, que nunca se relacionou com mulheres, nem para disfarçar, conta que continua a assistir os cultos porque tem motivos para agradecer a Deus.
“Pela vida concedida por ele e por tudo que ele tem me dado. Não vou pelas pessoas e, sim, por me sentir bem. O espírito de nossas almas precisa de Deus. O ser humano precisa de uma religião”, defende.
Mas a vida de homossexuais cristãos não é fácil, afirma. “Você vive escondido. O maior desafio é ter sua vida, tentar viver seu cotidiano e não deixar a fama de gay, como dizem, “vazar” para que não venha a ser um escândalo para a igreja e para que os próprios irmãos não venham a te apontar”.
Se a “bomba estourar”, explica, o fiel é “excluído”, impedido de participar de qualquer atividade dentro da igreja. Mas, apesar dos julgamentos, a contradição entre discurso e prática é evidente, diz.
“Imagina se a igreja souber que, dentro do seu ministério e entre seu povo, há homossexuais?”, questionou, ao falar que conhece pastores e “outros líderes” gays, alguns, inclusive, casados com mulheres. É o reflexo da hipocrisia que reina em todos os setores da sociedade. Seria diferente nas instituições religiosas?
Assim como ele, um terceiro, de 28 anos, também enfrenta a situação. O rapaz, evangélico desde os 15, afirma, com segurança, que nunca teve a “opção” de escolher a própria sexualidade, mas, na tentativa de evitar o sofrimento de ser rejeitado pela sociedade, já buscou a “cura”.
“Orei muito, jejuei, fiz promessa. Ouvia palavras que prometiam mudança de natureza, prometiam casamento. Acreditei piamente que conseguiria, mas, infelizmente, não consegui me libertar. Hoje acredito que Deus não muda natureza, pois foi ele mesmo quem fez. Ninguém mais pode nos criar ou fazer, portanto, ninguém pode nos mudar”, argumenta, ao revelar que se “descobriu” gay aos 16, mas antes, aos 4, já sentia atraído por meninos da mesma idade.
Apesar de nunca ter tido relação sexual com mulher, ele acredita que é bissexual, mas isso não diminui o problema, nem elimina o esforço da “vida dupla” para “manter a imagem”, garante.
Colecionando uma série cargos na igreja – uma das que tem doutrina mais rígida -, o rapaz conta que “disfarça bem”, mas, mesmo assim, por raramente ser visto com namoradas, é questionado sobre a orientação sexual.
“Quando me perguntam ou dão indiretas eu reajo, negando firmemente, até convencer a pessoas de que ela está completamente equivocada e que se não casei ainda foi porque tenho gênio difícil e não achei a pessoa certa. Logo, prefiro ficar sozinho”, revela.
Apesar de não ser aceito e ter de se esconder, o jovem faz coro ao discurso da maioria dos homossexuais que seguem o cristianismo. Diz que vai à igreja porque se sente bem e tem a certeza de que não será rejeitado por Deus.
“Foi ele quem em formou e me criou assim. Isso é importante. O resto é igual ou pior que eu. Ninguém foi eleito por Deus a julgar. O único juiz é ele e é por ele que eu continuo. Se um dia ele não me quiser mais lá, ele mesmo me tirará”, justifica.
Salvo algumas ressalvas, um católico praticante, que “sempre se entendeu gay”, pensa de maneira semelhante e diz que leva as “duas coisas” naturalmente, sem problemas. “Não sei se foi pela criação ou pelo próprio entendimento que tive de religião e sobre Deus”, explicou, ao comentar que, para ele, o divino se manifesta por vários meios.
O jovem conta que nunca precisou ou tentou esconder que era homossexual por causa da igreja, mas também não viu a necessidade de se assumir aos fieis, nem perante o clero. “No que isso muda?”, questiona?
Apesar de afirmar que a Católica, além de preconceituosa, tem discurso discordante e não está preparada e nem quer debater o assunto, o jovem relata que o “equilíbrio” está no respeito, que deve pesar nos dois lados da balança.
Não há, na opinião dele, necessidade de um apoio declarado aos homossexuais. “Se é o preceito deles a gente tem que entender. É uma instituição. Se nessa instituição acham que não cabe isso, que não apóiem. Eu não vou lá buscar a igreja, até mesmo porque ela errou por um bom tempo. Mas isso não deve ser barreira para você deixar de ir”, disse.
Para o rapaz, os gays precisam entender que nunca terão apoio de 100% da sociedade e que o mundo não vai “abraçar” a causa de uma hora para outra. “Não entendo, não concordo com essa posição, mas eu respeito. Acho que um jeito de não causar atrito”, resumiu.
A igreja, acrescentou, pode manter essa postura que, aliás, deve ser respeitada. Mas o Estado, ressaltou, não tem esse “direito”. “Deveria declarar esse apoio. Não se trata de fé ou doutrina, até mesmo pelo Estado ser laico, abstendo-se teoricamente, de influências religiosas, quaisquer que sejam”.
Quando um casal gay reivindica o casamento, exemplificou, eles não estão querendo entrar de véu e grinalda dentro da igreja. Querem ter, como cidadãos, os mesmos direitos que os heterossexuais.
“Se eu posso pagar a mesma conta que você, pagar o mesmo imposto que você, ser preso pela mesma coisa perante a lei, também posso ter o mesmo direito. Quero casar com um homem”, disse.
Quanto às discussões em torno de uma possibilidade de “cura”, o jovem se mostra seguro e rebate: “Se tem cura, o que eu duvido, ótimo. Estou aqui. Quer uma cobaia?”, questionou, ironizando. Aos críticos, a mensagem deixada por ele é simples: “Você tem tanta coisa para se preocupar. Vai se preocupar com quem estou transando? Por favor”.
O evangélico de 28 anos que se considera bissexual vai além e antes de ouvir “pregações” e interpretações sobre passagens bíblicas que “condenam” o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, adianta:
“Isso tema ver com a moral e os costumes da época. Antigamente se vissem uma mulher casada andando sozinha na rua ela era mal falada, principalmente se fosse à noite. Tem vários outros exemplos de moralidade e costumes antigos, que se no século passado já eram rígidos, que dirá há 3 mil anos. Lógico que Paulo iria pregar contra isso. Não teria sentido ele defender tal coisa, até porque seria apedrejado se o fizesse. Mas o próprio Senhor Jesus jamais mencionou algo sobre os homossexuais. Sodoma e Gomorra foi destruída pela lascívia, promiscuidade, maldade e corrupção, e não por terem apenas gays”.
Excomungado - Assuntos como esse pesam sobre a Igreja, que quer evitar escândalo. Prova disso é a excomungação do Padre de Bauru, Roberto Francisco Daniel, de 48 anos, após declarações de apoio aos homossexuais. A decisão foi divulgada ontem (29) pela Diocese da cidade.
Ele já havia recebido prazo do bispo Caetano Ferrai, de 70 anos, para se retratar e “confessar o erro”. Padre Bento disse, em vídeo gravado e divulgado na internet, que existe a possibilidade de amor entre pessoas do mesmo sexual, inclusive por bissexuais que mantém casamentos.
Com a excomunhão, assinada pelo Conselho Presbiteral Diocesano - formado por dez sacerdotes -, Roberto não pode participar de nenhuma cerimônia do culto católico, celebrar ou receber sacramentos. Também não pode mais batizar ou ser batizado, casar-se ou realizar um casamento, confessar-se ou ouvir confissões. Está proibido de exercer cargos eclesiásticos.
Em comunicado, a Diocese de Bauru considerou as declarações do padre como “graves contra os dogmas da fé Católica” e disse que ele “feriu a Igreja”. Segundo o documento, Roberto Francisco já havia sido alertado, foi chamado para uma conversa, mas “reagiu agressivamente” e recusou qualquer tentativa de diálogo.
Padre Bento se tornou conhecido por questionar os dogmas, os princípios morais e conservadores da Igreja Católica. Roberto Francisco também chama atenção pelo estilo. Além de frequentar choperias, usa anéis, piercing, camisetas com estampas roqueiras ou com a imagem do guerrilheiro Che Guevara.
As últimas missas celebradas por ele foram realizadas neste domingo (28), em duas igrejas. O clima, entre os fiéis, era de comoção.
Confira, na íntegra, o comunicado da Diocese de Bauru anunciando excomungação do padre:
É de conhecimento público os pronunciamentos e atitudes do Reverendo Pe. Roberto Francisco Daniel que, em nome da "liberdade de expressão" traiu o compromisso de fidelidade à Igreja a qual ele jurou servir no dia de sua ordenação sacerdotal. Estes atos provocaram forte escândalo e feriram a comunhão eclesial. Sua atitude é incompatível com as obrigações do estado sacerdotal que ele deveria amar, pois foi ele quem solicitou da Igreja a Graça da Ordenação.
O Bispo Diocesano com a paciência e caridade de pastor, vem tentando há muito tempo diálogo para superar e resolver de modo fraterno e cristão esta situação. Esgotadas todas as iniciativas e tendo em vista o bem do Povo de Deus, o Bispo Diocesano convocou um padre canonista perito em Direito Penal Canônico, nomeando-o como juiz instrutor para tratar essa questão e aplicar a "Lei da Igreja", visto que o Pe. Roberto Francisco Daniel recusa qualquer diálogo e colaboração. Mesmo assim, o juiz tentou uma última vez um diálogo com o referido padre que reagiu agressivamente, na Cúria Diocesana, na qual ele recusou qualquer diálogo. Esta tentativa ocorreu na presença de cinco membros do Conselho dos Presbíteros.
O referido padre feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os dogmas da Fé Católica, contra a moral e pela deliberada recusa de obediência ao seu pastor (obediência esta que prometera no dia de sua ordenação sacerdotal), incorrendo, portanto, no gravíssimo delito de heresia e cisma cuja pena prescrita no cânone 1364, parágrafo primeiro do Código de Direito Canônico é a excomunhão anexa a estes delitos. Nesta grave pena o referido sacerdote incorreu de livre vontade como consequência de seus atos.
A Igreja de Bauru se demonstrou Mãe Paciente quando, por diversas vezes, o chamou fraternalmente ao diálogo para a superação dessa situação por ele criada. Nenhum católico e muito menos um sacerdote pode-se valer do "direito de liberdade de expressão" para atacar a Fé, na qual foi batizado.
Uma das obrigações do Bispo Diocesano é defender a Fé, a Doutrina e a Disciplina da Igreja e, por isso, comunicamos que o padre Roberto Francisco Daniel não pode mais celebrar nenhum ato de culto divino (sacramentos e sacramentais, nem mais receber a Santíssima Eucaristia), pois está excomungado. A partir dessa decisão, o Juiz Instrutor iniciará os procedimentos para a "demissão do estado clerical, que será enviado no final para Roma, de onde deverá vir o Decreto".
Com esta declaração, a Diocese de Bauru entende colocar "um ponto final" nessa dolorosa história.
Rezemos para que o nosso Padroeiro Divino Espírito Santo, "que nos conduz", ilumine o Pe. Roberto Francisco Daniel para que tenha a coragem da humildade em reconhecer que não é o dono da verdade e se reconcilie com a Igreja, que é "Mãe e Mestra".
Bauru, 29 de abril de 2013.
Por especial mandado do Bispo Diocesano, assinam os representantes do Conselho Presbiteral Diocesano.

Fonte: Campo Grande News

Bandida contra os bandidos


Protesto Contra Renan Calheiros na Av. Paulista - 03/02/13





Gente! Este vídeo mostra todos os momentos importantes do nosso protesto do dia 09/02/13 na Av. paulista. Compartilhe com seus amigos do facebook como uma forma de incentivo. São 40 min. De emoção!
Obs: Se alguém quiser uma dessas nossas bandeiras é só passar o endereço pela mensagem do facbook que eu mando por sedex, mas de que ser o mais rápido possível, pois sou eu que tenho que pintar uma por uma sozinho.
Abraços! Antônio

Bundões


Piauí disse tudo!


Mayara Condenada



Datena contra Ateus


vírus na Paulista







Renan Calheiros





Nascido em Barra de Guabiraba, pequena cidade da Zona da Mata pernambucana, o brasileiro Antônio Marcos Barbosa da Silva - o Antônio do Glicério -, 35 anos, já fez e passou por quase tudo nesta vida. Em 15 anos de São Paulo, lavou carros, vendeu tapiocas e outras bugigangas para sobreviver, trabalhou nos Correios e foi fiscal de transportes da Prefeitura de Santo André. Tudo isso até ingressar no austero prédio do Tribunal de Justiça, na Praça da Sé, Centro da capital paulista, onde exerce a função de escrevente judiciário. Porém, nada do que fez até hoje lhe dá tanto orgulho e felicidade quanto a luta pela igualdade e respeito ao próximo, não importa se pobre, negro, gay, judeu, evangélico ou nordestino como ele.

Mendigos, sem-teto, drogados
Antônio do Glicério é o soldado da tolerância. Suas armas nessa eterna batalha são uma infatigável disposição física, milhares de panfletos anti-discriminação nas mãos, uma enorme bandeira nos braços e um gigantesco boneco de três metros de altura nas costas. É com ele que desfila pelas ruas do Centro da maior cidade do Hemisfério Sul, propagando sua mensagem por um mundo que entenda e respeite as diferenças.

Ele, que adotou com altivez o apelido Glicério, bairro onde reside em São Paulo e local com a triste fama de ser reduto de mendigos, sem-teto, drogados e desvalidos, não alimenta a ilusão de que um dia o ser humano seguirá o bíblico preceito do amai-vos uns aos outros. Antônio prega o controle da intolerância. "Você não é obrigado a gostar de ninguém. Só precisa respeitar o direito do outro", diz ele, repetindo a mensagem gravada nas costas do boneco, um monumento contra a ignorância talhado em pano e canos de PVC.

Antônio já faz parte da paisagem paulistana. A cada dois sábados ele desfila com seu boneco pelos viadutos e calçadões do Centro de São Paulo. Também é assíduo em passeatas, comícios e manifestações públicas. Isso quando consegue uma folguinha da função de funcionário público. Entre suas façanhas, percorreu os 15 quilômetros da tradicional Corrida de São Silvestre carregando sua alegoria nas costas. Quase morreu, como ele próprio diz, mas conseguiu seu objetivo, que era fazer os brasileiros refletirem sobre o controvertido tema.

Como nordestino, o escrevente judiciário sofreu várias formas de intolerância, desde o dissimulado em forma de piada até o grosseiro, como este que motivou sua cruzada: "Trabalhava com uma psicóloga que se dizia minha amiga. Mas quando comecei a namorar outra colega de trabalho, essa 'amiga' disse que ela merecia coisa melhor. Falou que eu era um baianinho sem futuro e que ainda por cima falava com sotaque. Fiquei revoltado. Pensei em fazer besteira. Mas decidi que a melhor resposta era tentar conscientizar as pessoas da necessidade do respeito".

Dois outros acontecimentos contribuíram para que Antônio seguisse na mão única da tolerância. Na mesma semana em que sofreu a humilhação, viu um homem, com o filho pequeno ao lado, chamar um jovem engraxate negro de macaco. E, ao ir ao cinema com o filho, ouviu um pequeno grupo fazendo piadas e ironias com os nordestinos, gente de seu sangue.

Logo depois, apareceu no Tribunal vestindo uma camiseta com a inscrição "SP SP". Surgia assim o movimento "São Paulo Contra o Preconceito". Como toda causa precisa de um símbolo que a identifique, pensou no desenho de um rosto negro com um chapéu de nordestino. Aí chegou à conclusão de que ele próprio estava sendo preconceituoso. "Esqueci dos brancos. E entre eles há gays, gordos e deficientes que também sofrem discriminação. Daí pensei em desenhar uma carinha com a metade branca, a metade preta e o chapéu de nordestino."

Apesar da exposição pública, Antônio afirma que jamais sofreu qualquer tipo de ameaça ou agressão. Nem os punks e skinheads mexeram com ele. Pelo contrário. A iniciativa tem lhe rendido elogios e votos de apoio por onde passa. Problema até agora só com alguns espertinhos que se aproximaram dele para tentar obter vantagens. "Apareceu um assessor de um vereador que veio pedir meu apoio em troca de dinheiro. Disse que não faria isso. Aí o cara ficou nervoso e falou que eu era um trouxa e que iria morrer com esse boneco nas costas. Outro tipo chegou para mim e se ofereceu para montar uma ONG. Garantiu que isso dava grana. Contou que um gerente de uma entidade dessas ganha R$ 7 mil por mês. Não é esse o meu objetivo. Se for para ganhar dinheiro, minha causa perde o sentido."

Antônio sente o cheiro de um oportunista de longe. Por isso, sabe como lidar com sujeitos desse tipo. O que o deixa triste mesmo é quando alguém o ignora e não pega seus panfletos.

Ao ser informado sobre os resultados da pesquisa Ibope/Brasileiros, mostrou-se surpreso com fato de os entrevistados terem admitido ser preconceituosos. "Isso é legal. Normalmente as pessoas fingem que não são. O simples fato de admitirem já é um bom caminho."

Vítima direta da intolerância, o escrevente judiciário não concorda muito com as conclusões do grupo de nordestinos ouvido no levantamento. Houve quase consenso de que a discriminação aos migrantes vem diminuindo e hoje está diluída em piadas e gozações. "O errado, o feio é sempre associado ao nordestino. É sempre o baianinho que fez isso, o baianinho que fez aquilo. Pode até ser em tom de brincadeira, mas sempre com o intuito de diminuir."

"Cigarro me incomoda"
Outro dado relevante identificado pela pesquisa é o de que todos nós, em maior ou menor grau, estamos sujeitos a carregar algum tipo de preconceito ou estranhamento. Seguindo esse raciocínio, o "senhor tolerância" teria algum? "O que me incomoda é o cigarro. Acho uma falta de respeito. Sei até que é um direito a pessoa fumar. Mas também é um direito não ser obrigado a inalar aquela fumaça."

De perto, nem Antônio do Glicério é anormal.
Matéria publicada na 1º Edição da Revista Brasileiros (Repórter Chico Silva)
http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/1/textos/456/